Desses povos com história ilustre, subsistem apenas essas imagens amarelecidas pelo tempo. Desses rostos burilados pelo sol, das cores da terra que os viu nascer, dos totens testemunhos das suas crenças ancestrais, não resta mais do que a lembrança de um povo em comunhão com a natureza, respeitador dos valores da vida.

Cânticos com ares de encantação, povos guerreiros devido à força das circunstâncias,

o seu modo de viver é o exemplo mesmo do respeito por todas as coisas vivas.

Memória esquecida…

Buscando a sua força no espírito do ser vivo, este mede-se com os elementos.

Pois é o seu prolongamento.

A encantação dos seres desaparecidos está lá para relembrar-nos que a transmissão dos valores dos Antigos perpetua-se através de um ritual de vida.

Um longo percurso que recoloca o Homem na criação do universo.

E a sua sobrevivência passando pela defesa da sua terra, não foi mais do que uma longa agonia…

A de um povo (composto por mais de 500 tribos) erigido em nação, e votado a desaparecer. No espaço de um século, os Índios foram desapossados das suas terras,

e confinados em reservas.

Para mim, pintar «Natives of America» é dar testemunho de um povo mal conhecido, do qual apenas subsistem objetos fisgados em cemitérios, dando pelo nome de «museus».

São eles que quero homenagear à minha maneira, com as cores da vida.

 

D.K.

 

Série apresentada no 175º aniversário da Academia Nacional de Belas-Artes «San Alejandro» de Cuba (em fevereiro de 2013), e depois na galeria de L’Embarcadère de Montceau, na Borgonha - França (30 de março – 23 de junho de 2013).