Esse lugar que cada artista venera, pois é o seu pulmão. Lá onde a reflexão se anima, se estrutura, para fazer nascer as criações. Lá onde a loucura e a dúvida coabitam. Lá onde o tempo para, e deixa lugar a um outro espaço-tempo… Aquele onde tudo é permitido. Verdadeira respiração.
O meu universo é a cor. A que define todas as coisas. Que faz vibrar e renascer sem cessar. A que me maravilha e me transporta. O atelier é um mundo em si.
Ritma-se pelos silêncios e pelas músicas que nos penetram. Conjuga-se com as alegrias e as tristezas, e é essa súmula de todas as coisas que é sublimada numa tela.
O que faz uma tela é todo o seu percurso.
Do esboço à assinatura do quadro.
Todos os pensamentos que o acompanham, todos aqueles em quem pensamos… e essa multidão de pequenos fragmentos de felicidade, assim como de tristeza, é muitas vezes tudo isso que compõe uma tela. Efeito patchwork. Hino à solidão. A verdadeira, a escolhida. As musas, o mais das vezes virtuais, são fruto da nossa imaginação.
Quando se tornam reais, transportam-nos até engrandecer-nos, albatroz com asas estendidas. São como fadas com dedos de ouro, polvilhando as nossas criações com brilho de prata e de azul celeste.
Os meus temas são muitas vezes escolhidos e não ditados. São como uma parte de mim, desde há 40 anos. No meu mundo, o dos pincéis e das bisnagas.
Carícias cores como convites perpétuos a um renascimento.
D.K.